domingo, 28 de março de 2010

Flor

"Não quero ser só semente
Quero ser flor
Não quero ficar escondida
Quero nascer, crescer, florescer
Não quero ficar só
Quero receber visitas do beija-flor

Não quero ficar presa...
Quero sentir a liberdade do vento
Não quero ficar na escuridão...
Quero me ofuscar com o brilho do sol
Não quero ficar tão protegida...
Quero ter a firmeza e segurança para enfrentar tempestades da vida
Quero exalar felicidade através do meu perfume
Quero ser o símbolo de uma promessa de amor
Quero conhecer a lua, as estrelas, as cores e todos os tipos de amores
Quero nascer, crescer, florescer
Quero simplesmente ser uma flor"

Autor desconhecido, achei numa gaveta.

quinta-feira, 25 de março de 2010

coisas antigas à beira da piscina.

Sonho com a liberdade
Finalmente é chegado o tempo de "sem ter que"! Apenas sendo...
Os caminhos estão postos para o meu coração decidir
Minhas asas já se movem ansiando o momento de partir
"O mundo é vasto e se abre para mim"
Entretanto, ainda há uma última escolha que se faz necessária para que eu possa, enfim, celebrar.


Os sapatos amarelos
sorriem para o sol
Choram para a chuva.
Mas sempre certos de sua beleza independentemente do tempo que faça no dia.


O olho derrama a lágrima
O rosto enrubesce
A boca treme
O coração palpita
Encharcam o caderno cheio de poesia.

domingo, 14 de março de 2010

Na mesa

Sentados à mesa a conversa fluia até chegar a música.
Cantaram juntos, os olhos cheios d'àgua...
Foi como sentir antecipadamente a saudade por saber que um dia aquele momento à mesa não iria mais existir. Talvez também porque lembraram daqueles que se foram e dos momentos que com eles não se podia mais compartilhar. Como corta o peito sentir isso, pensaram.
Lavaram a louça conversando sobre banalidades. Não comentaram sobre essa sensação esquisita de minutos antes. Não se conversa disso, é mais fácil deixar o momento passar.
E ao longo do dia o passado rondou o pensamento dela, a mais nova dos três. Quanto mais as lembranças se aproximavam, mais pareciam afetar o seu presente. Afetaram seu estado de espírito e isso era tão óbvio, pois até sorrir estava difícil.

E, para ela, o presente era uma rede tão delicada a ser tecida que às vezes ela se cansava desse cuidado diário. Era sonhadora, mas também gostava desse desafio que morava dentro da idéia de tecer a rede. De alguma forma sabia que o presente com toda sua potência de ser, facilmente poderia se deixar afetar pelo passado que, estando lá, longe de ser alcançado, parecia a ela sempre mais saboroso.

quarta-feira, 10 de março de 2010

"Com licença poética"

"Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou".

Poema de Adélia Prado.