quarta-feira, 18 de julho de 2012

Jokerman

Um flautista corcunda.
Nele a masculinidade e fertilidade eram características facilmente identificáveis. Tudo que plantar dará frutos, basta ouvir a música.
Lentamente sua música começou a ressoar nos meus ouvidos. Era inverno, ainda, mas o jardim seguia florindo, verde. Comecei a lembrar e comparei, sim: Jokerman.
Puxa meu tapete, flautista, brinque, divirta-se.
Dançamos juntos, mas eu sentia vergonha. Sentia vergonha mesmo era do meu coração petrificado. Acho que ele perceberá. Eu percebi quando senti meu coração derreter num passe de mágica. Foi durante a nossa dança. Pensei em Jokerman, lembrei, Ps. Eu te amo.
Caso fosse para escolher, seria um misto de Lou Reed com George Harrison e uma pitada de Bob Dylan. Uma pitada só, porque portas fechadas já bastam as minhas. Mas não era nada disso, nem de longe.
Nada de novo, não é?
Agradece a experiência.
Jokerman, a liberdade está ali na esquina me esperando.


sexta-feira, 13 de julho de 2012

escrita recorte

o lado bom e o lado ruim de escrever.
é um hobby, não profissão. ruim, isso é.
escrever me permite voar, mas parece que tenho que ficar aqui, na terra. bom e ruim.
criança, um dia você entende. sem pressa.
faz o que você deve fazer, sonhar só se não for tão alto.
duas colunas, bom e ruim, nunca chega ao fim.
engraçado, drummond, você rejeitar a imaturidade.
como se a racionalidade fosse madura.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

pastilhas coloridas

"É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!" F.E.


Recado cheio de exclamações. você toma pastilha? parece.
Tudo bem, eu sou mesmo assim, cheia de energia, com fome e sede de infinito.
Um dia vou cansar, ou não. não parece, não.
Eu sinto que acabou.
Não tenho mais ideias, tenho montanha-russa, um sobe-desce-sobe-desce de sonhos e desejos. Perco-me nessa toada, quero todo mundo aqui e agora. Perco-me nessa toada, não quero ninguém aqui e agora.
Não tenho um alvo, tenho um mundo de alvos e nenhum alvo.
A distância entre o que eu sou e o que você é, sutilezas distantes e próximas.
A racionalidade que me norteia é a intuição.

terça-feira, 10 de julho de 2012

com os pés no chão, aprender a voar


Encontrei aquela pessoa que eu sabia ser. Aleatoriamente. Viver de olhos fechados é fácil. De olhos fechados eu sabia ser. Lapidar quem eu sou de olhos abertos, desafio. Encarei.
Eu corria, corria, mas nunca chegava. Desci nos porões sem rima, escalei as paredes cinzas, entrei em labirintos coloridos. Percebi que nem sempre as cores confortavam. Eu estava ali, mas não estava, estava por toda parte, misturada nos espelhos dos encontros. Experimentei o inferno e o céu, no mesmo dia. Vesti fantasias, vesti luto.
Encontrei realidades nas quais o meu nome era o de menos. Ser livre era uma meta, mas eu não sabia o que - livre - dizia. Com muletas, desejar voar. Você sabe?
Enredo. Aceitei desfiar o fio que me enredava, pesadamente. Com paciência entrou a luz. Criei rimas que rimavam (para mim), pintei paredes proibidas, plantei flores comestíveis, escalei as paredes do labirinto para ver além das cores. Sem regras, pisei no chão, abracei o mundo na sua imperfeição.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

(im)perfeito é o amor

Caiu no meu colo
Pelos pés das goiabeiras,
Pelo braços das mangueiras,
Pelas ervas fratricidas,
Pelas pimentas ardidas,
Fui me aflorando

Eu senti crescendo
O amor das flores humanas
Fui te virando.

Senti seus encantos
Foi me levando
Foi me enredando
Foi me plantando

Na rede das palavras, o olhar declamando
Fui te escalando
Fui me criando
Fui te sugando

Pelas tardes de perfil,
pelos pasmados de abril,
pelos parques do que somos,
com seus bruscos cinamomos,
Fui me espaçando
Fui me espalhando

No inverno da paixão
o abismo
Foi me entristecendo
Foi me apagando
Foi me afastando
Foi me arrastando

Pelas papoulas da cama,
que vão fumando quem ama,
pelas dúvidas rasteiras
de volúveis trepadeiras
Fui te deixando

Fui te esquecendo
nas perpétuas saudades,
pelos goivos do meu peito,
pela luz do amor perfeito,
continuo te buscando, amor
eternamente.