quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

quando não há dúvida

Hoje procurando aleatoriamente sobre música ela se deparou com um blog. Não era assim, nada demais, ela pensou. A vontade de ser escritora, curiosamente deve tê-la levado ali. Está buscando descobrir quem é, porque se sente como se estivesse se desconstruindo e não lembra mais o que é terra firme. Sabe do que gosta, mas às vezes parece que até esse gostar é apenas a lembrança de um sonho bom, de uma época onde ela sabia.

O texto falava de amor, um amor entre um homem e uma mulher, e soou tão verdadeiro que seu corpo tremeu. Sentiu um aperto no peito e lembrou daquele último romance que tivera onde havia dito "eu te amo", mas mesmo tendo ouvido de volta, descobriu que isso poderia não significar a mesma coisa para o outro. O que ela entendia por isso era sinônimo de entrega, de tentar a todo custo dar certo, mas para ele não. Para ele passava por um lugar de analisar o outro e diante dos defeitos que ele avistara, decidir. Decidir por alimentar uma amizade, sem a expectativa de um romance, sem a expectativa de um dia poder chamá-la de sua mulher e vice-versa, mas ela não acreditou.

Ela achou que era apenas mais um modo de dizer que ele não a queria, mais um após tantos homens que lhe disseram tantas coisas, coisas que realmente não sentiam ou escolheram não viver. Será, ela pensou, que o amor que ele dizia sentir não era então de mesma intensidade do que ela sentira, porque ela já não podia pensar na sua vida sem ele, sem a expectativa de poder viver aquele amor, aquela troca.

Tudo isso se tornara uma grande confusão mental porque ela não iria mais conseguir saber a verdade. E o que era a verdade? Cada relacionamento é um e trazer ao relacionamento as cargas do passado, nunca pode ser produtivo. Mas quem é que consegue? Entrar limpo, de peito aberto, confiante...

Parece que esse texto a trouxe de volta para casa, para aquele lugar dentro dela que sabe que quer amar e ser amada, mas que não quer implorar por amor. Não se implora por amor, o amor é. O amor, sabe? Amor aquela coisa que não se controla porque não se consegue ficar longe do ser amado. Não por posse, mas porque é gostoso experimentar unidade. Aquele querer dividir sua vida com alguém que faz seu corpo tremer de desejo e admiração. A entrega, a compreensão e a amizade.... Utopia? Ah... o texto..... o texto não tinha cheiro de utopia.

Tudo isso se passou muito rápido, durante a leitura, e quando terminou se deu conta da dor. Se deu conta que está sofrendo com mais esse fim, sabe que está moida por dentro e sente que as palavras não dão conta desse sentimento. Esse sentimento que a invadiu e a reorganizou quando leu o texto, reorganizou o que estava completamente desesperado, reorganizou a mente que todo dia pensava uma nova forma de arrumar o que se quebrou, aquele lugar que estava com muito medo de ter perdido o amor da sua vida. Perder o amor da sua vida porque errou. De repente, isso não fazia sentido nenhum, porque no amor não se erra, se faz tudo aquilo que é possível naquele momento, com o que se sabe fazer.

Ela confiou e sentiu que está no momento de se re-colher e lamber as feridas, esperar o ritmo da vida. E novamente, mas de outra forma, por amor a si mesma, entregar.