sábado, 3 de novembro de 2012

qual a palavra que nunca foi dita?

Milton Nascimento, Minas. Lembro dele que também adora vinil e de como são potentes os sons que trazem conexão, seja com a letra, seja com a melodia. É outra coisa, para você que acha que coração não fala, fala sim basta ouvir o Milton.
Vontade de escrever um texto corrido, mas não resistir aos entruncamentos, aos breques, aos subentendidos.
Vontade de viver um amor e ter o privilégio de uma experiência mostrar aquilo tudo que eu sinto que era e não aquilo tudo que eu tentava encaixar para fazer sentido. O sentido é muito natural, como uma bolha de sabão que nasce, cresce e um dia morre.
Dançar aquele samba, esquecer das obrigações por um dia e sorrir com leveza por estar voltando para casa. Amar mesmo sendo independente, isso é velho e novo ao mesmo tempo.

sábado, 27 de outubro de 2012

crê ser

Ouvi que as ideias quando estão prontas dão um jeito próprio de se concretizarem. Deixe elas ali, em paz, cultivando. No momento certo elas brotarão. Apressar algo acontecer, portanto, é um abortador.
Para ter paciência e esperar é preciso crer. Um índio disse que ele sabia esperar porque era índio e não tinha outro modo de ser. Dá para aprender a ser índio, in-dios, em deus. Eu sou deus e deus sou eu aqui dentro de mim. Não temer crescer, não temer crer e não temer ser.
Ouvi também que tudo que acontece fora tem relação com o que eu não curei aqui dentro. Deu pressa de novo, mas paciência. A ciência da paz. A arte de ao mesmo tempo aceitar o que eu não posso mudar e mover o que eu puder. Eu ouvi a palavra curar como só uma palavra, não querendo dizer perfeccionismo tampouco perfeição, mas uma palavra que se relaciona com aquilo que eu consigo deixar brotar a cada instante, a cada momento que consigo ver uma questão por um ângulo até então desconhecido para mim. A cada momento que consigo um novo movimento.
Estou cultivando uma vontade de servir e ser servido, o amor é muito mesmo bonito. E eu me pego assim, calada, admirando as coisas da vida. Finalmente estou gostando de crescer.


domingo, 14 de outubro de 2012

madalena era um samba

Madalena, Madalena
Um samba sobre o bem querer
Agora um sonho de lar

Eu não vou falar para todo mundo, mas eu só quero você.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

outubro do que me lembro

De tudo aquilo que me lembro
Outubro
Um canto para chamar
Um coração para encontrar
Uma casa para repousar

Casa é onde meu coração está
Coração é aquele calor ao te encontrar
Canto é o som que eu posso pronunciar
Outubro
Lembrança de ver de novo verde meu jardim

Das cores eu lembro do verde
Mas também do azul entre nós, meu amor.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Aquecendo para a primavera

Bem-vinda, adorada e esperada....

Releve leve


Abrir o coração não tem sido uma tarefa fácil. Certos momentos fico entre o medo de me perder de mim e o medo de me machucar, de sofrer. Em outros, quando o amor facilmente se apresenta, fico com medo de me expor e ser rejeitada. Sinto que em todos esses momentos o que não quero é me arriscar, esqueci a grande graça contida na aventura de arriscar. Esqueci a delícia contida na brincadeira que dá frio na barriga e acelera o coração, entre outras sensações.
Relevar, levar com leveza todas essas situações .... muito fácil teorizar, quero ver conseguir amolecer a pose de estátua na hora H, não ter nenhum assunto brilhante e... e na vida não tem rascunho.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Viagem I

O maior tesouro dessa vida são os amigos que cultivamos. Agradeço por cultivar pessoas tão especiais e sensíveis!
Escrevi um texto para o blog de viagens de uma amiga e, de repente, pumba!!, dar e receber é a mesma coisa, que alegria!!
Ficou lindo o modo como ela compôs o texto e as fotos.

Visitem:

http://expressinha.com/inspiracoes-uruguai-para-se-achar

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Afrodite


Não me deixei prender, buscava uma noite iluminada.
E bebi vinhos fortes, como bebem os destemidos no prazer.

vento II

Ontem à noite ventou tanto que o mar está marrom e cheio de pequenas ondinhas, agitado.
O vento ainda está soprando muito e as árvores dançam divinamente.
Elas se rendem à ele...
Até aquela árvore que perdeu todas as suas folhas está, mesmo que timidamente, dançando...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Jokerman

Um flautista corcunda.
Nele a masculinidade e fertilidade eram características facilmente identificáveis. Tudo que plantar dará frutos, basta ouvir a música.
Lentamente sua música começou a ressoar nos meus ouvidos. Era inverno, ainda, mas o jardim seguia florindo, verde. Comecei a lembrar e comparei, sim: Jokerman.
Puxa meu tapete, flautista, brinque, divirta-se.
Dançamos juntos, mas eu sentia vergonha. Sentia vergonha mesmo era do meu coração petrificado. Acho que ele perceberá. Eu percebi quando senti meu coração derreter num passe de mágica. Foi durante a nossa dança. Pensei em Jokerman, lembrei, Ps. Eu te amo.
Caso fosse para escolher, seria um misto de Lou Reed com George Harrison e uma pitada de Bob Dylan. Uma pitada só, porque portas fechadas já bastam as minhas. Mas não era nada disso, nem de longe.
Nada de novo, não é?
Agradece a experiência.
Jokerman, a liberdade está ali na esquina me esperando.


sexta-feira, 13 de julho de 2012

escrita recorte

o lado bom e o lado ruim de escrever.
é um hobby, não profissão. ruim, isso é.
escrever me permite voar, mas parece que tenho que ficar aqui, na terra. bom e ruim.
criança, um dia você entende. sem pressa.
faz o que você deve fazer, sonhar só se não for tão alto.
duas colunas, bom e ruim, nunca chega ao fim.
engraçado, drummond, você rejeitar a imaturidade.
como se a racionalidade fosse madura.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

pastilhas coloridas

"É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!" F.E.


Recado cheio de exclamações. você toma pastilha? parece.
Tudo bem, eu sou mesmo assim, cheia de energia, com fome e sede de infinito.
Um dia vou cansar, ou não. não parece, não.
Eu sinto que acabou.
Não tenho mais ideias, tenho montanha-russa, um sobe-desce-sobe-desce de sonhos e desejos. Perco-me nessa toada, quero todo mundo aqui e agora. Perco-me nessa toada, não quero ninguém aqui e agora.
Não tenho um alvo, tenho um mundo de alvos e nenhum alvo.
A distância entre o que eu sou e o que você é, sutilezas distantes e próximas.
A racionalidade que me norteia é a intuição.

terça-feira, 10 de julho de 2012

com os pés no chão, aprender a voar


Encontrei aquela pessoa que eu sabia ser. Aleatoriamente. Viver de olhos fechados é fácil. De olhos fechados eu sabia ser. Lapidar quem eu sou de olhos abertos, desafio. Encarei.
Eu corria, corria, mas nunca chegava. Desci nos porões sem rima, escalei as paredes cinzas, entrei em labirintos coloridos. Percebi que nem sempre as cores confortavam. Eu estava ali, mas não estava, estava por toda parte, misturada nos espelhos dos encontros. Experimentei o inferno e o céu, no mesmo dia. Vesti fantasias, vesti luto.
Encontrei realidades nas quais o meu nome era o de menos. Ser livre era uma meta, mas eu não sabia o que - livre - dizia. Com muletas, desejar voar. Você sabe?
Enredo. Aceitei desfiar o fio que me enredava, pesadamente. Com paciência entrou a luz. Criei rimas que rimavam (para mim), pintei paredes proibidas, plantei flores comestíveis, escalei as paredes do labirinto para ver além das cores. Sem regras, pisei no chão, abracei o mundo na sua imperfeição.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

(im)perfeito é o amor

Caiu no meu colo
Pelos pés das goiabeiras,
Pelo braços das mangueiras,
Pelas ervas fratricidas,
Pelas pimentas ardidas,
Fui me aflorando

Eu senti crescendo
O amor das flores humanas
Fui te virando.

Senti seus encantos
Foi me levando
Foi me enredando
Foi me plantando

Na rede das palavras, o olhar declamando
Fui te escalando
Fui me criando
Fui te sugando

Pelas tardes de perfil,
pelos pasmados de abril,
pelos parques do que somos,
com seus bruscos cinamomos,
Fui me espaçando
Fui me espalhando

No inverno da paixão
o abismo
Foi me entristecendo
Foi me apagando
Foi me afastando
Foi me arrastando

Pelas papoulas da cama,
que vão fumando quem ama,
pelas dúvidas rasteiras
de volúveis trepadeiras
Fui te deixando

Fui te esquecendo
nas perpétuas saudades,
pelos goivos do meu peito,
pela luz do amor perfeito,
continuo te buscando, amor
eternamente.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Beleza

Uma canção
A sábia da terra me ensina a ver
Ela fala comigo e me leva ao sol
Ao sol interior
Mãe
Ensina-me a ver o homem dentro do homem
A ver o sol dentro e fora do homem
Usa meu corpo e me faz brilhar
Com a luz das estrela e com o calor do sol
Com a luz da lua e com a força da terra
Leva-me a ser sol
Deixar a razão de lado para ela me contar o que ver adiante

quarta-feira, 27 de junho de 2012

devagar depressa dos tempos


Numa dessas ondas, conheci Brasilia. Foi um impacto sensitivo, espécie de amor à primeira vista.
Na descida daquela rua, arrependi-me de não lembrar de fotografar. Ou não, eram muitas sensações me povoando para pensar em agir. Preferi sentir.
A sensação de estar no meio, envolvida pelo céu e pela terra. Imenso.
Imenso também era o meu desejo de ser aquilo tudo, de nunca mais parar de contemplar aquela beleza imensa. Devagar depressa o céu se movia. Eu conseguia ver os extremos, 180º completo.
Noite. Nada mais me impactará. Não, não. Olha ali, a praça dos três poderes. Imenso de novo. Talvez a simbologia, talvez o tamanho dos prédios, talvez a Beleza. Arquitetura cuidada. O planalto é lindo. Caldeirão de sensações e emoções, me surpreendi.
Devagar depressa, graças ao tempo, aceitei minha profissão. Os símbolos me comovem pelo seu significado profundo, talvez inconsciente. Acho bonito. Orgulho? Não, isso seria rápido demais.
Eu que sou toda mar, encontrei alegrias longe dele, no cerrado. Amor à primeira vista ou paixão, não seriam essas sensações relacionadas mais ao impacto visual-sensitivo e menos pelo conteúdo? Não importa, eu senti e me entreguei.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

acertando por ai

Outro dia pensei sobre o que me impedia de vender tudo e sair errante por ai. Não gostei de pensar em "errante" e lembrei que o meu "tudo" era meu carro de modelo, como dizem, "popular". É, não é muito. Bom, mas é um começo.
Essa coisa de errante para mim não fez sentido. Sinto mais que seria algo como "sair acertando por ai". Sabem aqueles pensamentos que acontecem frutos não sabemos de onde? Eles existem na nossa cabeça por um motivo que não sabemos. Pois é, foi assim o tal do "errante".
Foi um pensamento tão estranho que parei para pensar sobre ele.
Errante me lembrou, erro, andar vagueando, algo não firme ou vacilante. Só poderia mesmo ser um típico ditado popular capitalista. Aqueles ditos que formam opinião, criam crenças: Não vai ser feliz não, trabalhe, se mate, vista a camisa!!
Eu quero vestir uma camisa que me caiba e não vejo nada de errante nisso.
Toda escolha gera uma consequência, essa é a verdade mais profunda para mim, por isso o título desse blog se refere à ela. Escolher largar todas as míseras certezas e seguranças e encontrar o mundo não tem nada de vacilante, é tão assertivo quanto escolher ficar. "Acertando". Sair acertando por ai.
Convenci-me.
Mas, o quê, mesmo, ainda me segurava?


quinta-feira, 21 de junho de 2012

you told me to write a love song

Camera Obscura é uma daquelas bandas para lá de românticas que eu não canso de ouvir. Descobri ser romântica outro dia, conversando com a Érika. Engraçado não ter percebido antes. Eu imaginava querer ser o que já sou. Sempre admirei os loucos românticos, sem me dar conta das tantas loucuras que já fiz por amor, sem me dar conta.
Quantas distâncias já percorri, quantas, quantos príncipes viraram sapos. Mesmo nos finais "infelizes", todas são boas histórias que guardo com carinho, um baú cheio de recordações. Não nego algumas marcas tatuadas, mas as honro e exibo com alegria. Livre de ressentimentos ou arrependimentos ou saudades. Afinal, tudo isso me trouxe até aqui!
Essa música me faz lembrar dele. Ele era lindo, um francês-australiano (?!) e louco por mim. Eu estava enlouquecida por ele também, aquele homem grande e forte, miragem. De novo, a distância. E eu desisti, queria ao vivo, nada dessas coisas antiquadas de internet. Para mim é antiquado. Contato físico é moderno, sim. Olho no olho é muito moderno, compromisso é moderno, envolvimento é mais moderno ainda. Quem namorava sem tocar? Meus avós e olhe lá. A naturalidade de ter uma amante poderia funcionar em uma outra época, com certas mulheres, em relações nas quais o compromisso valia apenas para a mulher. Não à toa meu avó se referia ao casamento como prisão. Qual a graça de estar com alguém que não se deseja estar por inteiro?
Hoje em dia é muito mais fácil, tudo pode ser dito, sentido e vivido, a moralidade é flexível para quem desejar. Concretizar a fantasia, meu bem.
Ele disse, escreve a nossa história. Eu disse que não tinha história para escrever, esperaria ele chegar, em novembro.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

ausência

"Os gatos são os seres mais lindos, inteligentes e independentes do mundo. Essa é a razão por que os homens tem tanta dificuldade de se relacionar com eles e os perseguem indiscriminadamente desde o início dos tempos.” Nise da Silveira

Pensando ainda naquela coisa do afeto. Nise era a senhora dos afetos.
Eu recebi uma mensagem de uma pessoa muito especial reclamando minha ausência. Uma não, várias, de diferentes destinatários. Eu estava muito ausente? Bom, desculpa, eu não percebi. Desculpa?
A questão não era apenas não ter percebido, mas espantar-me ao perceber. Eu nem percebi que estava ausente e tampouco percebi que estava adorando estar ausente. Eu sempre presente, agora ausente.
O direito de estar ausente talvez não seja um direito aos olhos de alguns. Eu penso que sim. Cativamos as pessoas, mas como conciliar nosso tempo com o tempo do outro?
Essa constatação provocou uma sessão nostalgia profunda, pensei em tantos amigos, alguns já fui mais próxima e agora não sou mais, pensei também naqueles que representavam uma época. Tantas épocas que já não são mais. Em cada fase alguns que se aproximam, em cada fase um gosto que se potencializa, em cada fase deixamos algo partir. Não seria o deixar ir mais sábio do que a neura da presença vazia?
Pobres dos gatos, incompreendidos. O gato não implora por afeto.
A loucura é um rótulo para pobremente explicar o que não se compreende. Reclamar a ausência de alguém é como querer rotular algo de loucura. A ausência também é incompreendida. Eu, pelo menos, nunca ouvi alguém reclamar de alguém que está presente demais.
Pensar a ausência me fez lembrar de outra palavra: liberdade. Liberdade é outra palavra de Nise. Eu prezo muito a liberdade, embora sinta que em alguns momentos consigo muito mais concebê-la ao outro do que a mim mesma. "A boa pagadora que não sabe cobrar". Aceitar o querer estar ausente e o que isso provoca naqueles com os quais me relaciono, sem me defender, re-agindo, é um exercício de liberdade. Talvez saia meio torto, como todo exercício em seu início, mas um exercício.
Lembrei-me, também, da minha mais recente batalha, travada por causa da escrita. Ignorar as regras gramaticais para tentar uma outra expressão, ou tentar criar um estilo, não seria um exercício de liberdade também? Porque todos devem escrever da mesma forma? É, vai lá e calça aquele sapato que não te serve.
Liberdade para ousar criar alguma coisa, cura, mas não ajuíza. Juízo eu não quero, obrigada. Gente ajuizada demais é chata.



domingo, 10 de junho de 2012

Buenos Aires: ilusões e outras nem tanto assim

O Sol raiou, depois do coiote. O Jardim Botânico me brindou com lindas plantas e saxofone. Eu, seguindo aquela trilha sonora, encontrei uma fonte e o pote de ouro. Fiz uma pausa, apreciei, fotografei com a máquina e com a alma. Perfeito cenário.
Caminhei.
Estremeci com Eva Perón, identifiquei-me felina e femininamente. Chorei por dentro, pois apesar das devidas ressalvas que o populismo pede à minha compreensão sobre o ato de governar, meu coração identificou a história de fibra, de sonhos por uma sociedade mais justa, sonhos de justiça social, história de sofrimento e, também, de intolerância humana.
Caminhando.
Percebi que aquela comparação que fizeram entre Buenos Aires e São Paulo, era improvável. Ou impossível. Ilusão de quem analisa do raso? De um lado o tamanho incomparável e, de outro, a qualidade de vida. As árvores na paulicéia lutam para existir, lá saltam com seus cento e poucos anos aos olhos do atento. Abuelos e abuelas, protetores com seus portais no meio da cidade.
Flores no caminho, doçura para os sentidos. O Rosedal.
Fotografei.
As pessoas de mais de setenta anos fazendo pic-nic, dançando tango, ensinando tango, pa-que-ran-do.
Jogando.
Dancei a dança da solidão, não sei se com graça e leveza, mas dancei. Cantei-a, em alto e em bom som, ouvi sorrindo. Mergulhar, mas subir antes de se afogar, dessa vez eu realmente gostaria de não me esquecer mais disso. Sorriu-me a solidão com seus dentes de chumbo, mas encontrei a fonte de água pura que não me deixou sentir amargura. Amoleci no clichê mesmo, fazer-o-quê...
E o mundo é a minha casa e isso é muito conforto. Fui recebida por uma amiga querida que me acolheu com os maiores braços do mundo. A generosidade indescritível que abraça, a disposição para o encontro e para a troca. Encontrar esse amor gratuito é felicidade pura e simples, nem se eu imaginasse seria tão bom. Agradeço de coração escancarado.
No domingo, para a despedida, segui outra trilha sonora e encontrei as canções que gostaria de ouvir. Estava na rua, em San Telmo, mas era o quintal de casa. Assisti à três apresentações aqui e ali e a minha criança, lambuzada, comendo sua maçã do amor em um parque de diversões, me agradeceu.
Sensações de uma cidade, pensei na minha, comparei. Sempre comparo. Seria muito querer tanta alegria para São Paulo?
Derrubo a caneta e vou para o Ibirapuera, lá eu sempre encontro.






sábado, 9 de junho de 2012

Esquenta, Buenos Aires - Borges

O coiote de Borges. Jorge Luis Borges. O tempo não lhe alcança, andarilho solitário. O meu coiote. Ele aparece nas horas mais inesperadas, derruba minhas certezas e me pede para levantar, sorrindo. Ele não me dá escolha. Sombra, de novo. Tudo ficou tão escuro! Estava difícil entender suas armadilhas. Entender? Não, a chave é aceitar. Ele colocou minhas entranhas em movimento. Nosso coiote, o meu e o do Borges, é o nosso espelho. Eu e o Borges andamos solitários, dispostos sempre a reencontrar nosso coiote.

dia dos desnamorados

Desconfiar de um cara amoroso e se abrir para um cara violento. Sensor desligado? Constatar o que é óbvio: ligar o sensor para o afeto........
De repente sentir o peito quente, transbordando de felicidade por sentir a vida de novo ali. O sorriso fácil, de novo, a gargalhada esquentando a barriga, de novo. Enamorada pela vida, de novo.

domingo, 20 de maio de 2012

segunda-feira, 7 de maio de 2012

noites, cariocas.

Alegria. Pela lembrança mesmo. Lembrar a caminhada na praia, o abraço, o sorriso.
De noite em São Paulo, de dia no Rio de Janeiro.
Gostosuras de reais mentiras. Estar apaixonada por ele, estar convivendo com ela, aquele batom vermelho no sorriso largo e aquela sensação de ter sido sempre assim. Um poema do Cohen, conforto e segurança, quente.
O peito cheio de amor e confiança, fluido, alegre.
Vai entrar na água? Não saber furar onda, mas se arriscar. Mergulhar e limpar, escorrer a água, respirar. Abrir os braços e sentir a brisa, deixar Iemanjá levar para o fundo o que não importar mais, o que é pesado e não te deixa. Deixar ir.
Foram todos embora, agora as noites e dias eram assim, sempre São Paulo. Aquele colorido faz falta.
Resolvi ir para o cerrado, aprender a abrir porteira, a nadar no rio, para ver se me esquecia do mar.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

doçuras de Taissa

Sentada no carro, pensei em desistir
Sentindo profundamente

Conserve seu medo
Mantenha ele aceso
Mas o mantenha em segredo
Sempre ficando
Sem medo de nada

Uma luz acendeu
Um calor me aqueceu

Agradeci o encontro
Doçuras e travessuras de uma alma buscadora

Busca, busca, busca
mergulho
Podemos até nos perder nos sábios labirintos
dos eternos jardins

Mas a recompensa de um mergulho profundo
das eternas manhãs cheirando a jasmim
Ah!
Apego ao mergulho?
Pode ser

Eu vou viver
Da vida não levamos nada
Talvez
Sons, cheiros, lembranças, presenças de vida.

quinta-feira, 29 de março de 2012

como estrelas

"Agora, o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
Agora, o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas,um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim — dizem — recontam a vida.
Agora, retiram de mim a cobertura da carne, escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos, e aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho. Uma forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela. Agora, eu sou uma estrela".
Fernando Faro, recitado por Elis Regina em O trem Azul.

Esse trecho representa esse momento que estou vivendo, ainda não consigo escrever mais. Quem sabe, numa hora dessas, eu não reescreva o rascunho? São tantas coisas no meu pensamento.... estou querendo ficar com elas, digerí-las.

Enquanto pensamentos eu os aceito, mas ainda dói escrever.

sábado, 24 de março de 2012

luz da lua

Sentei ao redor da fogueira, em cima do cobertor. A grama estava úmida e eu estava com frio. Adormeci.
Parece que me transportaram para uma outra dimensão, um outro tempo, um outro mundo. Acordei sentindo o aconchego do lar, um conforto. Olhei para ela ali, ao redor do fogo também, ela brincava e sorria, eu sorri também. Nesse imenso mundo, mesmo estando sozinha, eu me sinto acompanhada. São tantas as formas de presenças que eu sinto. Respiro, respiro profundo.
Essa terra no interior é o lugar que encontro de olhos fechados. Ao pensar neste lugar minha presença se expande em alegria, conforto. Lembrei do lago, nadando, boiando de barriga para cima, iluminada pelos fortes raios de sol. Transpassamos teias de aranhas delicadamente para poder acender uma vela.
Honrei a minha história e todos aqueles que participam ou participarão dela profundamente. É como um quebra-cabeça que se forma e vai fazendo sentido, vai trazendo entendimento. Eu sinto dor também, mas é mais gratidão.
A vida em slow motion. Eu ando, olho, sinto, reconheço e abraço, então, sorrio ou choro. E tudo tem me afetado nessa cadência, devagar e leve.
Dançando um tango, por ai. Dramas. Pegar a mochila e sair por ai sentindo o que o mundo tem para me oferecer para me ajudar a voltar para casa, cada vez mais profunda e intensamente. O mundo é um lugar bonito e intenso e é onde desejo estar por todas as minhas relações.
Levantei, recolhi o cobertor, e fui esquentar a comida.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

e ai, eu crio asas e ai, elas querem voar.

"(...) eu tenho asas de um anjo bagunceiro
sou brasileiro: eu me misturo na multidão
a minha luz é a de um sol de fevereiro
e o carnaval na rua é a minha procissão

se você quer que eu proteja o seu destino
faça-me amor com amor no coração
eu sou um anjo carente de carinho
seu eu cruzar o teu caminho
me pega
e me leva pela mão" - T.P.

o leão move-se sozinho.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

as coisas mais incríveis, escrevi por amor.

Encontrei uma carta de amor jogada no canto da gaveta. Era linda e bem escrita. Rebelde também, tamanha sinceridade rasgando em suas linhas um sentimento de amor profundo e intenso. Sentei e chorei me perguntando porquê não enviei a carta quando podia. A vida requer coragem. Mas, já era tarde?

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

girando

hoje parece que tudo está girando: a realidade é fluida e não há nada no que me segurar. eu fecho os olhos, aperto, e quando os abro, de novo, tudo líquido, mole. não vejo nada fixo. as notícias me incomodam, desde 2001 eu já havia decidido que não leria mais o jornal... porquê esqueci essa promessa?
olho ao meu redor, vejo a minha rotina e só penso em tédio. é um misto de tédio e amor, tédio e amor. o bairro está tomado por tapumes anunciando o metrô. grafitaram o tapume: eu amo sp. eu amo também, mas às vezes eu gostaria de ver o Governador deposto como Luis XVI. Logo mudo de ideia, pois SP merece amor, gentileza, respeito e não mais violência.
li, de novo ali, um texto que me trouxe para o eixo. entendi que o tempo não está mais me esperando, eu estou correndo a alcançá-lo. preciso conquistar meu sonho sem nenhuma muleta e isso doeu, mas entendi. dentro desse cubículo minhas asas estão apertadas. elas cresceram do dia para noite e me equilibrar está difícil. as pessoas me perguntam dele, mas eu estou sozinha. se ele era uma muleta e, confesso, eu esperava muito que as respostas viessem dele. Quando ele disse não, eu perdi o chão e as asas nasceram. Começar a voar, porém, nem sempre é óbvio.
sonhar sozinho pode chegar mesmo a ser subversivo, às vezes são muitos obstáculos a derrubar. um sonho contra a corrente, uma tormenta, pode demorar a passar e só com um certo esforço, não de força, mas de sustentação, é que se aguenta esperar passar. acreditar num sonho sozinho, para mim, isso não era possível. eu não via que usava as muletas como quem usa asas, inverti as necessidades. mas estar junto não é estar apoiado, ser subversivo não é degolar nada nem ninguém. fecho os olhos, aperto, e está tudo mais firme. pássaros voam em bando, mas não se apoiam uns nos outros. ninguém aceita uma mudança por medo, mas por compreender a necessidade dela acontecer.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

voando alto

ele costumava me dizer para eu não me levar tão a sério e me falava fofuras ao pé do ouvido

é, eu faço muitas coisas ao mesmo tempo

um dia me perguntou se podia entrar no meu mundo, o mundo do sol nascente

eu vou voando alto, com asas de luz, asas de amor

e eu lhe dizia, eu vou girar, girar e espalhar paz de espírito e amor, muito amor

você sabe, uma mulher não é somente capaz de dar nascimento a crianças, mas também de dar nascimento a si mesma como buscadora de verdade... uma verdade dela, não importa, cada um tem a sua

e fomos juntos.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

verão em sp

feliz eu cheguei das minhas férias, pensando ah, como era bom chegar das férias na escola e a primeira coisa que a "tia" pedia era para escrever a redação "minhas férias": "nossa, tenho tanta coisa boa para contar!!" infelizmente, tenho um mestrado-novela a terminar e o projeto da redação ficou de canto. entretanto, me restaram observações sobre o verão na minha cidade e sinto um irresistível desejo de compartilhar.
a pessoa chega animada da bahia, ganhou aquele bronzeado - suado para um perfil nórdico habitante do lado debaixo do equador - e, obviamente, quer desfilar com ele pelas ruas da sua cidade natal. acontece que a chuva não deixa, não deixa nem sair de casa, quiçá manter o bronze. sorte de quem encontrar a figura nas primeiras semanas da sua chegada porque a doce ilusão de que conseguirá dar aquela descidinha para piscina para cultivar a cor saudável.... não, não. pedrão não vai deixar. pedrão quer te ver branquelo paulistano, sofra ou aceite seu destino.
no mínimo, no mínimo mesmo, deve haver alguma justificativa mística para tanta chuva. minha prima carioca, veio morar na caótica paulicéia. a pobre já imagina que a vida aqui é isso, vida de anfíbio, enchente, lixo boiando pelas ruas, usar um casaquinho em pleno verão.... e o calor? aquele calor que você não consegue manter uma regatinha no corpo? ah.... isso faz tempo que não se vê por aqui.
e o desespero do proprietário do carro mil-sem-ar quando a 100 metros de chegar ao seu destino - cabrum - cai aquele temporal e em menos de 5 minutos tudo começa a alagar e os vidros a embaçar e, se abre o vidro, molha muito dentro e, se fecha, não enxerga. e passa a mão no vidro, liga o ventilador, liga o limpador no máximo e reza. melhor você rezar muito para não ter que pular do carro e arriscar um dancing in the rain.
no mais, a grande alegria do paulistano são os eventos musicais que parecem multiplicar-se na temporada de verão. e, então, quem não é de açúcar, se arrisca.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

sorrisos sinceros

estava andando por ai lembrando do tudo por arrumar. o todo a rumar. qual rumo será? encontrar com ela dispersou os pensamentos e eu fui sem rumo. ficamos de canto tentando entender que movimento era aquele. fomos até a praia, na mesinha, para pensar melhor. o camarão fez efeito. risada percebendo os movimentos rígidos, os julgamentos e a dificuldade de se sentir parte. no outro dia estava mais divertido, estava mais solto, todo mundo mais solto. chegou esse pessoal-vila-madalena e enfrescurou o samba. mas se o espaço era só aquele ali, e o dia era hoje e não ontem, tinha que caber todo mundo para sambar. as duas se olharam profundo, o camarão estava muito bom. uma reboladinha ali, apertando um ombrinho aqui, um sorrisinho para ele ali, pronto. quando ela viu a menina já estava lá no meio tocando e dançando, elas se olhavam e riam, era bambolê, era cabelo de fogo, era uma misturada só. quando ela viu de novo, só via era ele ali, bem do seu lado, pois chegou e não mais saiu.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Amar é.................

nem os homens nem as mulheres.... lembra que você é sagrada na sua exata forma e expressão. risos. não me olha com essa cara. risos. eu sei, todos somos.
cada caso é um caso, tá. não precisa ter medo, mas precisa se deixar sentir o outro e sentir a si mesmo. aqui agora, o momento presente, sem expectativas/castelos de areias imóveis - claro, pois o problema nao é criar o(s) castelinho(s), crie quantos quiser, mas não se apegue: o mar pode vir e derrubar tudo. a grande graça dos castelos de areia é poder reconstruí-los ou buscar um novo projeto. lembre-se: eles são móveis. por isso as crianças se dão tão bem com eles? é, elas não se apegam. vamos brincar de outra coisa, tia? um minuto, vai.

como lidamos com tudo isso? direito à liberdade de agir e de pensar, liberta, não por ninguém, por mim. qualquer decisão é certa. ninguém vai morrer se você disser não, ninguém vai morrer se você desagradar, ninguém vai morrer se você não quiser. o mundo segue sua rota com ou sem os seus dramas. ninguém vai morrer, você acredita? mais risos. se você não consegue ter privacidade ai dentro de você, como vai ter fora?

nossa.

o alívio, respiro aliviada.

Chacal, o sol amanhece esperanças e a vida eu quero vivê-la como manda o figurino. É, mesmo se o figurino que me agrada estiver fora de moda.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

deixe-me ir, preciso andar

"O rio nasce
toda a vida.
Dá-se
ao mar a alma vivida.
A água amadurecida,
a face
ida.
O rio sempre renasce
A morte é vida". JGR


Me levantei porque senti que era o melhor a ser feito, tendo em vista o horizonte abundante que nos aguardava. Levantei e sem saber, entreguei meu desejo nas mãos do destino. Mas a vida é agora, e não amanhã, e eu mal sabia que entregava o que eu desejava não entregar.

Se eu soubesse que aquele seria meu último momento junto dele, eu teria ficado. Teria dito que queria ficar, que não me importava com a mudança (eu até estava disposta a ajudar) ou com a caminhada. Eu teria caminhado com ele. Eu queria ficar ali, conhecendo ele um pouco mais, me aventurando naquele sentimento um pouco mais, descobrindo aquele corpo um pouco mais. Mas eu achei que tinha tempo e, então, levantei.

Dias depois, um taxista me diz: "o segredo do amor é se mostrar, todo dia, como se fosse o último dia porque você tem que mostrar o seu diferencial para o seu amor". Afinal, mais do mesmo é o que está cheio por aí. É engraçado ouvir certas coisas aleatoriamente.

Pensei em redenção e pensei em deixar para trás esse seiláoque, porque se for para ficar, renasce. Não tem distância, não tem tempo, não tem esquecimento. O que acontece, se por força do acaso ou do destino eu não sei, pode ser simples e leve, sem complicação ou apego. Ir embora não era opção, eu não poderia ficar. Eu podia ficar quando não fiquei e talvez tenha sido melhor assim.

Nunca um telefonema foi tão esperado e nunca não poder ligar para alguém para saber foi tão sentido. Deixo ir e sigo em frente, são coisas da vida, minha nega.