domingo, 10 de abril de 2011

reset

na sexta-feira eu pensei: "hoje eu gostaria que existisse o 'botão reset' no corpo humano". "reset". procurei no dicionário: "set again or differently".... a pessoa poderia pressioná-lo, o acontecimento seria apagado e ela teria a chance de viver aquilo de outra forma ou, simplesmente, não o viver. ai uma amiga me disse, poderia existir o "format". mas "reset" é melhor do que "format". "format": "prepare to receive data". o corpo humano tem um espaço ilimitado para armazenar informações, não precisaríamos de um botão para apagar algumas e permitir que caibam outras.... muito menos quero esquecer meu passado, formatar meu passado, porque ele constitui a multiplicidade que sou. o "reset", porém, seria muito útil, pois às vezes abrimos espaço na nossa vida para algum tipo de experiência, ou experiências, que nos traz/trazem muito sofrimento. reprogramar aquele acontecimento, mudar a rota no momento em que a carruagem começa a descer descontrolada ladeira abaixo, colocar a carruagem de volta aos trilhos para a viagem seguir tranquila, feliz, linear.... que sonho, passar pelas experiências, aprender com elas, mas poder mudá-las quando elas começam a nos fazer mal, quando elas nos exigem um esforço sobrehumano para superá-las, um esforço sobrehumano para não guardar mágoas, um esforço sobrehumano para se reconstruir e voltar a viver leve, para voltar a viver sorrindo sinceramente, para voltar a viver com o peito aberto para novas experiências.... que sonho. pensei, pensei, pensei sobre isso e lembrei de um botão, que já existe e, talvez, não traga a comodidade do "reset". porém, este botão, apesar de desempenhar uma função que demanda um esforço consciente, permite honrar o passado e honrar os aprendizados que eles nos trazem, honrar as experiências que nos constituem: "perdão". o "botão" do perdão, não no sentido/peso que a igreja católica deu para o termo, mas como o ato de ficar no momento presente, após refletir sobre a experiência atravessada. não se conseguirá, talvez, apagá-la da memória, mas simplesmente, abrir um novo lugar. o ato consciente de ficar aqui, agora e abrir um novo lugar.