quinta-feira, 29 de março de 2012

como estrelas

"Agora, o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.
Agora, o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas,um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim — dizem — recontam a vida.
Agora, retiram de mim a cobertura da carne, escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos, e aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho. Uma forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela. Agora, eu sou uma estrela".
Fernando Faro, recitado por Elis Regina em O trem Azul.

Esse trecho representa esse momento que estou vivendo, ainda não consigo escrever mais. Quem sabe, numa hora dessas, eu não reescreva o rascunho? São tantas coisas no meu pensamento.... estou querendo ficar com elas, digerí-las.

Enquanto pensamentos eu os aceito, mas ainda dói escrever.

sábado, 24 de março de 2012

luz da lua

Sentei ao redor da fogueira, em cima do cobertor. A grama estava úmida e eu estava com frio. Adormeci.
Parece que me transportaram para uma outra dimensão, um outro tempo, um outro mundo. Acordei sentindo o aconchego do lar, um conforto. Olhei para ela ali, ao redor do fogo também, ela brincava e sorria, eu sorri também. Nesse imenso mundo, mesmo estando sozinha, eu me sinto acompanhada. São tantas as formas de presenças que eu sinto. Respiro, respiro profundo.
Essa terra no interior é o lugar que encontro de olhos fechados. Ao pensar neste lugar minha presença se expande em alegria, conforto. Lembrei do lago, nadando, boiando de barriga para cima, iluminada pelos fortes raios de sol. Transpassamos teias de aranhas delicadamente para poder acender uma vela.
Honrei a minha história e todos aqueles que participam ou participarão dela profundamente. É como um quebra-cabeça que se forma e vai fazendo sentido, vai trazendo entendimento. Eu sinto dor também, mas é mais gratidão.
A vida em slow motion. Eu ando, olho, sinto, reconheço e abraço, então, sorrio ou choro. E tudo tem me afetado nessa cadência, devagar e leve.
Dançando um tango, por ai. Dramas. Pegar a mochila e sair por ai sentindo o que o mundo tem para me oferecer para me ajudar a voltar para casa, cada vez mais profunda e intensamente. O mundo é um lugar bonito e intenso e é onde desejo estar por todas as minhas relações.
Levantei, recolhi o cobertor, e fui esquentar a comida.