sábado, 7 de janeiro de 2017

sonhe alto, não pare de sonhar

Hoje à noite ganhei um sonho, enorme, perfeito, delicioso. "Eles estão mandando muito bem", sorri e pensei. Sempre lembro do Salim, meu avô, e ela sabe. Pensei em guardar um pedaço para tomar com café amanhã, mas me permiti devorá-lo como se eu tivesse 12 anos, quando seu Salim nos levava na Monte Rei para comer um escondido, antes do almoço. Baita travessura. Nem me lembro quando me permiti a última travessura, tudo agora é responsabilidade e culpa. Elena não me cobra, mas parece que é o que sobra da maternidade. Há poucos dias, num movimento reverso, me conecto com ela, fico olhando, reparando nela, sem me preocupar com as mil tarefas que envolvem o cuidar, apenas apreciando aquele ser que amo mais do que a mim mesma. Olhei pela janela e respirei profundo, entre uma mordida e outra, que bom estar aqui, que bom estar vivendo esse momento que em breve não será. Eu gosto do cafofo e de poder respirar a brisa do mar. Eu me permiti essas linhas antes do banho, ai que momento de inspiração, alegria. Abri logo o computador para capturá-lo, como se esse ato pudesse me proteger de ficar à deriva, longe de casa. Relembramos uma frase dita por mim: custa caro bancar nossos sonhos. Re-conheci aquela frase como se eu a tivesse dito para mim. Tem sido caro bancar minhas escolhas longe de todo conforto e segurança conhecidos. Mas a janela estava ali, me apresentando também a liberdade enorme trazida por todo esse movimento, toda essa convivência, toda essa aventura. Engraçado como o fora nos leva para dentro se quisermos. Ela me disse para eu escrever sobre tudo isso, mas seria uma comédia ou uma tragédia? Eu gostaria que fosse comédia. Está ficando muito longo e eu só quero voltar a acreditar que posso sonhar alto e não parar de sonhar.