sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Uma carta para elas

Uma amiga querida transmitiu: "dentro de nós o ano novo cochila e espera desde sempre......"

A transmissão inspira a escrita esquecida.

Ela disse que foi Drummond, eu digo que ressoa. Eu ando cultivando meu 2015 há bons meses, talvez anos. Estou cultivando passos que nunca tive coragem ou, simplesmente, não estavam maduros, cochilavam.

Aparece novamente essa mensagem dentro de mim, talvez meu eterno mantra: "Livre, eu vou seguindo meu caminho/ Livre, ninguém pode me segurar/ Livre/ livre estou mas não sozinho/ Livre estou e protegido........... Venha, Não vem com tua fortaleza/ Eu quero ver tua beleza/ E o amor contigo celebrar....."

Compartilhei com elas uma outra música como um pedaço de mim celebrando a alegria que bate em meu coração por tê-las morando nele. Elas me lembram quem eu sou, como minha sábia mãe disse, são flashes, momentos guardados em mim. É graças ao amor delas e por nunca terem desistido de nenhum de nós é que eu sou melhor. Vocês são meus exemplos, cada uma a seu modo.

Senti gratidão pensando sobre nossa família e sobre como cada um está seguindo seu caminho, o que é difícil, mas muito natural. Me deu vontade de voltar a ser criança brincando na casa da minha avó Rita - comendo doce-de-leite e pão-de-queijo -, ou na casa da minha avó Luiza - comendo (ou furtando? rs) bife à milanesa antes do almoço - ou brincando na casa de praia da minha tia Suluka, no Jardim Suarão, sem saber que esse dia chegaria e como seria difícil crescer..... Difícil, mas inevitável. Acabo sentindo que crescemos eternamente.

E a música me levou longe, longe... resolvi escrever para ajudar as lágrimas a saírem, para limparem o medo, para abrir espaço para entrarem a fé e a confiança nos rumos sempre certos da vida. Lembrei o exercício antigo, o bom exercício de praticar que as coisas fluam: a meditação. Ampliar meu coração que andou bastante retraído com muito medo das turbulências e truculências da vida. A vida veio a galope e ele se assustou.

Eu hoje fiquei quietinha em casa, sozinha, trabalhando e pude refletir sobre o Natal. Hoje pude sentir como meu ano foi corrido e intenso, mas não sem amor. Nunca sem amor, que benção!! Celebrei mais uma vez a decisão de minha mãe de me parir.

Eu hoje fiquei desfrutando de um dia quieto e solitário que demorará para se repetir, imagino eu, pois se o que nós estamos combinando é o casamento (à moda da casa, certamente), seremos nós a partir de janeiro. Não mais eu e, sim, nós.

Em 2014 vesti pouco brilho e muito luto, mas não percebi. Estava aos poucos me despindo, me despedindo. Passei momentos inesquecíveis também, celebrei uniões nesse e em outros continentes. Fiquei mais comigo e aprendi de um modo duro o valor do não. E também o quão precioso ele é.

Essa carta talvez não encerre o ano, mas abre. Abre a vontade de estar aqui dentro, de dias mais pausados, de silêncios prolongados, de uma vida mais slow motion (ou seria na minha velocidade?) - aquela velocidade que me permita saborear a vida. Eu quero sentir os aromas ocultos e deixar a música falar comigo.

Meu coração escolheu o silêncio e a gratidão hoje, desejante de fé, de que nos cerquemos de boas energias e consigamos sorrir mesmo quando as lágrimas precisarem rolar - sorrir por dentro de gratidão, por estarmos vivas e circundadas de muito amor. E que essa energia ressoe. Venha, ano mágico, abundante e doce, o ano que cochila aqui dentro e que espera desde sempre.

domingo, 27 de julho de 2014

romances, ideais

Eu só quero que você me abrace, me beije e me ame.
Eu só quero, me abrace, me beije e me ame.
Abrace, beije e ame.
Os quereres se esvaem como espumas ao vento.
Hoje eu olho para você e vejo nas entrelinhas o que eu nunca quis ver: não queremos os mesmos sonhos, os mesmos planos.
Estou ali, mas você me vê? Estou ali, mas você me quer como eu sou ou como você gostaria que eu fosse?
Não me manipule para ser a sua boneca.
Não me dói ver e, por isso, me sinto derrotada, cética. Estou anestesiada ou madura?
Quem era aquela que rasgava o coração por um amor? Eu não era mais aquela.
Te amo tanto que consigo te deixar ir embora.
Acho que deve ser porque te amo tanto que penso conseguir respeitar sua escolha de ir, seu modo de vida e te deixar sem mim.
O fato é que eu já tive medo desses pensamentos, hoje eu sinto que, se concretos, devem ser a experiência profunda da liberdade de amar. Preparar-me para te dar o amargo adeus, pois eu não quero te convencer, eu gostaria que você quisesse os mesmos sonhos, os mesmos planos.
Ao abrir os olhos, eu gostaria que você ainda estivesse ao meu lado, deitado, apagando essas palavras.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

ainda maio

o dia rolou e fiquei olhando para ele.
ele olhando para mim. faz um tempo que não nos encontrávamos.
no silêncio da casa, almoço.
no silêncio da casa, café.
um chat com uma pessoa querida.
um chat para pensar no amor.
quantos chats para pensar no ex amor.
pensei na árvore e no porquê de nunca ter feito uma oferenda.
alguns cacos espalhados pelo chão, ele lá.
alguns cacos espalhados pelo coração, idéias soltas.
querer juntá-las agora, para ontem.
escrever é assim, às vezes céu, às vezes tédio.

terça-feira, 29 de abril de 2014

a nossa minha casa

chegar em casa e sentir-se em casa. hoje me senti inteira em casa. agradeci, orei. com vontade, abrir a casa para os nossos. aos poucos, festejar a mudança que já fez ano. com vontade, ficar em casa comigo. com vontade, ficar em casa contigo. cresce a sensação de ocupar a casa, de ter montado esse lugar. "o bom é morar em um lugar lindo!". É, alguns não entendem a importância disso. a ajuda da família para a casa ficar inteira. cada detalhe aqui lembra alguém que é especial pela presença que compartilha no meu caminho. as plantas estão felizes - viva o chorume! a árvore está firme ali, guardiã. a comida está farta, faz tempo que a geladeira não fica vazia. sozinha na minha casa, mas nunca solitária: a coruja, as fadas, as presenças de luz me acompanham nessa morada. e me protegem. ele vem sempre aqui também e constrói. e me protege. o silêncio reina também. refúgio. é na casa que a gente se cura, depois de se arriscar, se despedaçar, para poder se reconstruir, se reinventar. e eu pareço não me cansar dessa ciranda.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

signos

Vivi loucuras com um virginiano
Enlouqueci por um escorpiano
Amei um capricorniano
Encasquetei com alguns cancerianos
Puro engano
Minha alma gêmea é um geminiano

quinta-feira, 20 de março de 2014

coloridos cinzas

um pedido de carinho
um pedido de espaço

um pedido de atenção
um pedido de espaço

o que é o amor?

é dar espaço
é dar atenção
é dar carinho
mesmo sem receber atenção?

expectativas
nossas palavras não se encontram
nossos desejos se encontrarão?

estar ao seu lado
estar ao meu lado

um joga o flexível, mas não é
o outro joga o durão, mas não é
não é o encontro que importa?

despertam algumas lágrimas de incompreensão
escorrem lágrimas cansadas do conflito
sobram dias coloridos no calendário
mas os dias cinzas, ah!

bom seria se o amor fosse só colorido?