domingo, 10 de junho de 2012

Buenos Aires: ilusões e outras nem tanto assim

O Sol raiou, depois do coiote. O Jardim Botânico me brindou com lindas plantas e saxofone. Eu, seguindo aquela trilha sonora, encontrei uma fonte e o pote de ouro. Fiz uma pausa, apreciei, fotografei com a máquina e com a alma. Perfeito cenário.
Caminhei.
Estremeci com Eva Perón, identifiquei-me felina e femininamente. Chorei por dentro, pois apesar das devidas ressalvas que o populismo pede à minha compreensão sobre o ato de governar, meu coração identificou a história de fibra, de sonhos por uma sociedade mais justa, sonhos de justiça social, história de sofrimento e, também, de intolerância humana.
Caminhando.
Percebi que aquela comparação que fizeram entre Buenos Aires e São Paulo, era improvável. Ou impossível. Ilusão de quem analisa do raso? De um lado o tamanho incomparável e, de outro, a qualidade de vida. As árvores na paulicéia lutam para existir, lá saltam com seus cento e poucos anos aos olhos do atento. Abuelos e abuelas, protetores com seus portais no meio da cidade.
Flores no caminho, doçura para os sentidos. O Rosedal.
Fotografei.
As pessoas de mais de setenta anos fazendo pic-nic, dançando tango, ensinando tango, pa-que-ran-do.
Jogando.
Dancei a dança da solidão, não sei se com graça e leveza, mas dancei. Cantei-a, em alto e em bom som, ouvi sorrindo. Mergulhar, mas subir antes de se afogar, dessa vez eu realmente gostaria de não me esquecer mais disso. Sorriu-me a solidão com seus dentes de chumbo, mas encontrei a fonte de água pura que não me deixou sentir amargura. Amoleci no clichê mesmo, fazer-o-quê...
E o mundo é a minha casa e isso é muito conforto. Fui recebida por uma amiga querida que me acolheu com os maiores braços do mundo. A generosidade indescritível que abraça, a disposição para o encontro e para a troca. Encontrar esse amor gratuito é felicidade pura e simples, nem se eu imaginasse seria tão bom. Agradeço de coração escancarado.
No domingo, para a despedida, segui outra trilha sonora e encontrei as canções que gostaria de ouvir. Estava na rua, em San Telmo, mas era o quintal de casa. Assisti à três apresentações aqui e ali e a minha criança, lambuzada, comendo sua maçã do amor em um parque de diversões, me agradeceu.
Sensações de uma cidade, pensei na minha, comparei. Sempre comparo. Seria muito querer tanta alegria para São Paulo?
Derrubo a caneta e vou para o Ibirapuera, lá eu sempre encontro.






3 comentários:

Taissa disse...

O Ibira ontem estava parecendo o planetário de BsAs...ou seria o contrário? Acho que não...rs...
Não sei se tive sorte na minha estadia pelos hermanos mas, de fato eles pareceram ser menos selvagens de concreto que a gente. Aqui se vive por dinheiro. Procuramos outras coisas para nos distrair, mas nossa natureza é outra.
Lá o o tiozinho andarilho do metrô soube que eu era brasileira e logo me revelou sua paixão pelo Hermeto Pascoal! E o cara que estava vendendo miçangas, lendo Schopenhauer e trocando maior ideia sobre, em inglês.
No mais, continuo a ter esperanças em almas como a sua, poetas perdidos em sampa...isso é lindo, pelo caráter milagroso. rs
Beijos prima. Continue postando porque eu adoro!!

Unknown disse...

Morei ao lado do jardim botânico e na época me apaixonei por um bichano que se esquentava pelo gramado... era meio tigrado.
Muito mais do que tango, dulce de leche e bife de chorizo...

Adri disse...

isso é lindo pelo caráter milagroso...... amei. <3 fofas, gracias ;)