Estava eu ali no mato e as gotas caiam das folhas e soavam como passos de gente. Uma experiência de instantes, não uma experiência explicável, lógica. Cada escolha ali trazia em si uma verdade, a verdade daquele instante. Denunciar a razão, arriscando escolher, confiando em outra coisa que não nela. No silêncio do peito, a voz dizia para escolher e colher o que viesse, sem me defender. Esse era o ciclo.
Lembrei do, para mim gigante, macunaíma e de todas suas transformações e traquinagens. Um autêntico coiote, uma raposa, um traquinas. O anti-herói.
E na companhia do anti-herói, no mato, eu encontrei a liberdade do instante. Suas brincadeiras despertaram em mim o que dormia e me fizeram ganhar mais liberdade. Agora sei: sou só. Eu e a minha liberdade. Grande responsabilidade da solidão. Grande responsabilidade de ser quem eu quero ser, a cada instante.
E, então, a grande surpresa da responsabilidade da solidão, ela me trouxe para mais perto do amor. Eu estava amando muito mais, mesmo estando só comigo, eu estava junto. Meu peito parecia querer falar, estava cheio de energia, maravilhado com as maravilhas do mundo.
Eu digo que ninguém me prende mais e não tenho mais nem um pouco de medo, meu peito está aberto e sem defesas: quero me entregar ao próximo instante, ainda que desconhecido. Quero captar o meu é. Obrigada Betânia e Clarice, por me acordarem nesta manhã.
2 comentários:
que lindo isso, drica!!
<3
Coração tocado por cada palavra... e imensamente grato...
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